Gregório de Nissa
Ouve a exclamação de Isaías: “um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado!” 1. Aprende do mesmo profeta como isso aconteceu. Foi acaso segundo a lei da natureza? De modo algum, responde o profeta. Pois não está sujeito às leis da natureza aquele que é o Senhor da natureza. De que maneira então nasceu esse filho? “Eis – diz o profeta – uma virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual receberá o nome de Emanuel”, que significa” Deus conosco” 2. Ó acontecimento admirável! Uma virgem se torna mãe permanecendo virgem! Considera a nova ordem da natureza. Qualquer outra mulher, se permanece virgem, não pode tornar-se mãe; tornando-se mãe, já não conserva a virgindade. Neste caso porém as duas qualidades se mantêm. A mesma pessoa é mãe e virgem. A virgindade não a impediu de gerar, o parto não lhe tirou a virgindade. Era conveniente que, vindo para fazer os homens íntegros e incorruptos, o Salvador fizesse seu ingresso na vida humana a partir da integridade total, consagrada a ele sem reserva…
E isto parece-me que o grande Moisés tenha conhecido antecipadamente, através da luz na qual se lhe manifestou o Senhor Deus e quando a sarça ardia incandescente mas não se consumia 3. “Irei e verei este grande espetáculo”, disse ele, referindo-se, penso eu, não a uma aproximação local mas a uma aproximação no tempo. O que então estava prefigurado no fogo e no arbusto tornou-se, no momento oportuno, claramente revelado no mistério da Virgem. Da mesma forma que a sarça ardente não se consumia, também a Virgem não se corrompeu gerando a Luz.
[1] Is 9, 5;
[2] Ex 3,2;
[3] Sb 16, 25.
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